quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Frei Paulo Maria de Sorocaba


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“Escrevo somente para mostrar a
grande misericórdia de Deus para
comigo, pobre pecador”.
Frei Paulo


Desde menino eu sentia atração para São Francisco de Assis. Meu pai contava algo a respeito dos capuchinhos do seminário de São Paulo, os quais eram capelães do Convento de Santa Clara, em Sorocaba. Desejava ser frade. Diziam-me, porém que brasileiro não podia: era proibido por lei do Império (lei feita mas não aprovada). Como eu gostasse de desenhos, os amigos de meu pai queriam mandar-me estudar na Europa; meu pai permitia de boa vontade, minha mãe era um pouco contrária. Eu, sempre fraco, adoentado, medroso e acanhado, não tinha muita vontade. Mas Deus Nosso Senhor me preservou dos perigos que poderia encontrar na escola de desenho, pintura, etc. Ele me guardava para ser filho de São Francisco, seu querido imitador.
Continuava desenhando, com 14 anos entrei a trabalhar com meu tio materno, pintor de casas, ficando com ele até 1888, quando comecei a trabalhar por conta própria. Em 1891 comecei a aprender fotografia, no que trabalhei o8 anos. Interrompi o serviço por certo tempo e depois reiniciei, mas já sem gosto, ainda mais que neste tempo minha querida mãe faleceu. A família foi indo: o pai viúvo, o irmão mais velho casado, o mais moço estudando música.

Em 30 de outubro de 1899 faleceu meu pai. Como eu estava noite e dia à sua cabeceira, nesse mesmo dia resolvi entrar no convento. Após trabalhos e todas as dificuldades que se podem imaginar- sempre porém com esperança de conseguir- a 25 de dezembro desse mesmo ano fui a São Paulo, ao convento de São Francisco, onde me atendeu Frei Vicente de San Giácomo, que chamou o Superior, frei Bernardino de Lavalle. Como achasse que eu não suportaria o rigor da Ordem, aconselhou-me a it ter com os Salesianos ou Jesuítas. Nós, para irmãos, já temos muitos, disse. E para estudar, só sendo menino. (Ele pensava que eu tinha vontade de ser irmão leigo, sendo já minha idade longa).
Oh! Que decepção. Voltei a Sorocaba triste, mas sempre com esperança. Neste tempo começou em Sorocaba a epidemia de febre amarela, da qual fui vítima, ficando muito mal. O confessor que chamei disse-me, entretanto, que eu não morreria, pois ainda havia de ser religioso capuchinho. Tendo sarado, lembrei-me de escrever ao cônego Lessa, que já havia anos residia em São Paulo e era amigo de nossa família. Depois de ter falado com Frei Bernardino de Lavalle, escreveu-me o cônego, fazendo-me ver os deveres do irmão capuchinho: cozinhar, lavar, varrer, etc. se eu queria sujeitar-me, podia vir e experimentar se agüentaria.
Respondi que com a graça de Deus, estava pronto para tudo. Ah! Como senti o coração bater forte de contentamento. Chegado o dia da partida, meu irmão casado me acompanhou até a estação, abraçamo-nos e pronto.
Em São Paulo o Cônego levou-me à Igreja de São Francisco da Ordem Terceira. Era o dia 2 de agosto de 1900 e conduziu-me à Igreja de Santo Antônio para lucrar a indulgência de Porciúncila. No convento de São Francisco o Pe. Bernardino de Lavelle mostrou-se contentíssimo. Lembrei-me do que ele dissera em dezembro – é melhor ir com os jesuítas- e então me veio à mente que em pequeno, meu pai era alfaiate, fazia batinas para coroinhas e eu servia de manequim. Minha mãe olhava e dizia: Parece jesuíta. Magro como santo de roça, que é só rosto mãos e o mais sarrafos...
Dia 6 o frei Bernardino me levou a Piracicaba, aonde chegamos à tarde. Depois do jantar fui entregue ao Padre Mestre de Noviços, frei Felix de Lavalle. Já no dia 7 comecei a ajudar na cozinha, lavar, serrar lenha, etc, e assistir conferências do Pe. Mestre.
Dia 11, cerca de 4.30 da tarde, foi a vestição, quando deixei o João Batista de Melo para receber o frei Paulo M. de Sorocaba. Era vigília de Sta. Clara. -Então frei Paulo, vamos experimentar? Você acostumará? Oh! Se Deus quiser, com Sua Santa Graça, havemos de perseverar. Irmãos, parentes, conhecidos e colegas: adeus.

Frei Paulo M. de Sorocaba


Década de 1870: Sorocaba está em plena explosão de civilização. Começara a construção da Estrada de Ferro Sorocabana, que trouxe consigo muita gente culta, comerciantes e artesões. Possuía já nesta época o teatro São Raphael (fundado em 1844), jornais, bandas de música, orquestra, e a população tinha oportunidade de assistir espetáculos com artistas famosos, companhias líricas e similares. O teatro também era utilizado pelas famílias abastadas em suas reuniões festivas.
João Batista Dimas de Melo (Frei Paulo Maria de Sorocaba) nasceu em 24 de junho de 1873 em Sorocaba na Rua da Santa Cruz da Composição, em plena noite de São João. Filho de Pedro Rodrigues de Melo e Frutuosa da Rocha Pinto, descendentes de índios do Rio Grande do Sul. Apesar de pessoas humildes e piedosas, souberam educá-los santamente. Seu pai era alfaiate, confeccionando batinas para coroinhas e também músico, fundador da Banda de Música Sete de Setembro (de Sorocaba) e provavelmente ensinou-lhe os rudimentos musicais, que depois foram desenvolvidos.
Era o terceiro filho do casal com nove filhos, cinco dos quais deixaram a existência na infância: Joaquim, Antonio Demétrio, João Evangelista, Antonio Leocádio, Maria Germano e Antonio Mateus. José Raimundo faleceu em 9 de agosto de 1908, o penúltimo, Francisco Dimas de Melo, pintor profissional, regente da Banda de Música Santa Cecília (de Sorocaba) faleceu em 31 de agosto de 1936 vítima de queda de escada quando trabalhava na pintura da Santa Casa.
Seu avô materno, José do Pinho, foi exímio armador de presépios, executando as próprias peças que necessitava. Torna-se óbvio que este fato deve ter exercido atração sobre o menor, em plena fase de desenvolvimento.
As primeiras noções de desenho, quem as transmitiu por volta de 1885 foi um engenheiro que lhe ensinou os traçados geométricos a mão livre. Seu nome seria Esmiel (o nome inteiro foi perdido). No ano seguinte, recebeu aulas de Antonio José da Rosa, ourives, desenhista, entalhador e músico. Recebeu aulas de desenho a “crayon”, aprendendo a desenhar figuras, retratos, gravuras litografadas.
Quando este mestre mudou-se de Sorocaba, os admiradores das qualidades artísticas do menino, pessoas de posse e amigas de sua família quiseram mandá-lo estudar na Europa, mas a sua timidez e falta de coragem em afastar-se do lar contribuíram significativamente na recusa da oferta.
João Batista começou aos nove anos a aprender violino com Salustiano Zeferino de Santana, estudando no próprio instrumento do pai e que conservou até sua morte. Deveria tocar bem, visto que quatro anos após, durante a visita de uma companhia lírica espanhola, havia sido convidado para ser o primeiro violinista, o que declinou por timidez.
Em 30 de outubro de 1899 seu pai vem a falecer. Fica extremamente abalado com o fato e é neste tempo que tenta pela primeira vez adentrar à Ordem Franciscana dos Frades Capuchinhos.
Em sua primeira tentativa de adentrar à Ordem, foi desestimulado, retornando novamente a Sorocaba. Nesta fase, vem adoecer seriamente de febre amarela. Quando fazia a recomenda do corpo, o religioso que o atendia estimulou-o, dizendo que não iria morrer.
Depois de curado, parte novamente em agosto de 1900 para São Paulo, decidido mais do que nunca a cumprir seu objetivo. Frei Bernardino de Lavalle o enviou à Piracicaba no convento do Sagrado Coração de Jesus, onde permaneceu alguns dias observando a vida capuchinha. No dia 9 de agosto fez a vestição.
O irmão, que havia iniciado o noviciado em 1900, recebeu o hábito em Piracicaba e adotou o nome de Frei Paulo Maria de Sorocaba. Como não tivesse feito os estudos clericais, era um simples irmão leigo. Foi enviado à Taubaté, onde exerceu as atividades de porteiro, cozinheiro e sacristão. Nas horas vagas é que estudava violino e harmonia musical.
Antes de partir para a Itália, entre 1903 a 1906 foi mandado para o interior do sul de São Paulo a fim de catequizar indígenas e formar povoados de Campos Novos de Paranapanema.
Voltou doente destas obrigações, tendo permanecido em São Paulo para tratar-se.
Em 1912 parte para a Europa, especificamente Itália, onde permanece por um ano. Neste tempo aperfeiçoa seus conhecimentos sobre pintura. Foram seus professores Camile Bernard da Academia de Mônaco e Antonio Meyer, pintor da escola veneziana nascido em Mori, sul do Tirol (1862-1921), discípulo de grandes pintores da época e restaurador de quadros clássicos.
Retornando por volta de 1913-1914 para Piracicaba, onde permanece até 1924, pintou os afrescos no Convento do Sagrado Coração de Jesus. Nas capelas laterais e no altar mor pintou “Os doze apóstolos”.
Depois disto, esteve em Botucatu e Santos, retornando a Piracicaba ao Seminário São Fidelis. Nesta segunda fase pintou 6 grandes painéis: "São Fidelis pregando”, São Fidelis defendendo tese", "Martírio de São Fidelis", “São Fidelis vestindo hábito de Capuchinhos”, “Glória de São Fidelis” e “São Fidelis menino”.











São Fidelis, antes de ser frade, chamava-se Marcos Roy, filho de João Roy e Genoveva Roy. O primeiro quadro representa o menino Marcos Roy dando lição ao padre doutor Jonas Weias, beneditino, juntamente com o padre Filipe Reach, também beneditino. Isto somente é uma amostra como a análise de pinturas pode mostrar-se difícil.









Após 3 anos de estudo, concluiu sua mais importante obra, “Santa Ceia”, que se acha em Mococa, no Convento de São José.
Em 1924 estava em Botucatu para pintar o altar de Santa Teresinha. Em 1925 ou 1926 estava em Santos.
Suas obras brotavam dos mais diversos meios: terracota, pinturas a óleo, crayon, bico de pena, carvão. Há obras mecânicas como meridianos ou relógios solares. Desenhou as fases da último eclipse que assistiu.
Suas pinturas possuem traços de pintura acadêmica, mas com certo grau de ingenuidade. Seus murais encantam pela espontaneidade da expressão, não só dos desenhos bem como das cores da composição. Relacionar seu legado artístico torna-se difícil, em virtude do grande número de pinturas, de murais e outras obras que executou nos mais diversos locais.
Comentando a respeito da Av. Independência, na altura do Seminário Seráfico São Fidelis, o cronista de um jornal na década de 1940 observa sobre o grande número de crianças com pranchetas de desenho e material de pintura que se observava
”Cadinho de obras finíssimas, crisol de belezas, refúgio de paz, de trabalho fecundo, de aperfeiçoamento moral, o atelier de Frei Paulo é bem um viveiro de artistas que Piracicaba muito deve”.
Algumas pessoas consideram Frei Paulo de Sorocaba um pintor clássico com traços primitivistas, enquanto outros o consideram como possuidor de um realismo ascético, influência de seu espírito ascético e místico. Segundo um crítico, apenas um de seus discípulos, João Adâmoli (1911-1980) absorveria dele este conteúdo, aplicando-o à paisagem e levando esta a despir-se progressivamente de seus elementos secundários, até exibir sua essência formal, no limite entre a impressão e expressão, no tênue limiar entre a forma e a abstração.
Frei Paulo foi agraciado com o primeiro lugar no II Salão de Belas Artes de Piracicaba.
Frei Paulo tinha uma personalidade toda especial. Ensinava com bondade. Nunca dizia não a quem quer que fosse. Nunca desanimava quem quisesse aprender. Estimulava a todos, mesmo aqueles que a natureza havia negado o dom da arte.
Jamais teve alunos, sempre teve discípulos, seguidores convictos. Talvez nem todos saíssem pintores, mas saíram homens de bem, tocados pelo sentimento puro da bondade. Outros, a exemplo do mestre, se fizeram sacerdotes, como Frei Damião e os irmãos Mutschelle.
Suas obras não conheciam os tons audaciosos da inovação das escolas abstrusas, com cores violentas e composição chocante (na época). Em sua obra há uma suavidade intensa, que atrai e comove. Não era somente o espírito contemplativo que transmitia em suas pinturas, mas havia “um que” de curiosidade polimorfa associada.
Existe um disparate existencial em sua pessoa. Sempre foi colocado como uma pessoa frágil, doentia, mas longevo de 82 anos. Deus esteve ao seu lado, ao lado de um homem que aliava as virtudes de um santo e as qualidades maravilhosas de artista e mestre, que deixava apaixonado seus discípulos e seguidores fervorosos, que nunca cessaram de venerá-lo. Entre estes nomes poderíamos lembrar o de Eugênio Nardin, Angelino Stella, Ângelo P. Sega, Manoel Rodrigues Lourenço, Manoel Martho, João Adâmoli e outros, (que me desculpem a não referência de todos os muitos outros pelo puro pecado do desconhecimento).
Frei Paulo Maria de Sorocaba faleceu em Piracicaba na tarde de 11 de julho. De seus 82 anos e 17 dias de vida, passou 54 anos e 11 meses na Ordem Capuchinha.



Em 23 de fevereiro de 1954 foi realizada a Exposição comemorativa ao Frei Paulo na Pinacoteca Municipal. Nada mais que uma singela e justa homenagem a um frei leigo, que graças ao seu desejo incansável, consiguiu atingir pontos que pouquíssimos conseguem.
Com sua simplicidade, sua doação, oconseguiu fazer oficiosamente uma escola de pintores em Piracicaba. Desta escola nasceram nomes que elevaram o nome de nossa cidade além dos simples muros que a cercam, e elas espalharam-se não apenas por São Paulo, mas por todo o Brasil, e inclusive cruzaram fronteiras atingindo outros paizes.
Na histórica última foto, temos da direita para a esquerda os senhores Benedito Evangelista Costa, Archimedes Dutra, Monsenhor José Nardin, pintor Angelino Stella, Eugênio Nardin, vice prefeito Américo Perissinoto, Álvaro Sega, Antonio Pacheco Ferraz, Hélio e Elias Rodrigues Conceição.
Meus mais sinceros agradecimentos à Seminário Seráfico São Fidelis de Piracicaba, frei Sermo e à sua bibliotecária Araci Lopes pelo material disponibilizado; aos Frades Capuchinhos de Piracicaba na pessoa do frei Saul pelos depoimentos, ao Sr. Lauro Stipp que gentilmente apoiou a realização destas linhas, fornecendo o material necesário para que ela se tornasse uma realidade, e por último o Sr. Fabio Monteiro, que tem cedido parte de seu horário da Rádio Educativa para divulgação dos fatos que constituem-se nas raízes de Piracicaba.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

ORQUESTRA SINFÔNICA DE PIRACICABA


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Piracicaba desde sua mais tenra idade, sempre foi uma cidade extremamente bem agraciada. E um destes foi o dom divino da música. Já no final do século XIX constava nesta cidade 50 residências com pianos. Podemos avaliar sua capacidade pelos anúncios de jornal, como este, retirado da "Gazeta de Piracicaba de 1882.















Piracicaba possuía uma Orquestra Sinfônica ainda no século XIX. Lazaro Lozano foi seu primeiro regente e a primeira apresentação pública ocorreu em 24 de março de 1900 na matriz de Santo Antonio.









Fabiano, irmão de Lázaro Lozano, era espanhol, nascido em 1865, professor de música, compositor, poeta e maestro. Em 1913 Fabiano fundou a “Orchestra do Theatro Cinema de Piracicaba”, que já estava estruturada em Piracicaba e era conhecida como “Orchestra de Fabiano Lozano” ou “Orchestra Lozano”. Dela participavam elementos como Erotides de Campos, Belmácio de Pousa Godinho, Benedito Dutra Teixeira.
A primeira apresentação pública deu-se na Universidade Popular de Piracicaba no dia 12 de outubro de 1914, onde atualmente está a sede central do C.C.R. Cristóvão Colombo, na Rua Governador Pedro de Toledo com a Rua Prudente de Moraes. Não devemos confundir com a antiga sede alugada do Cristovão Colombo, que era na esquina da Rua Governador com a Rua São José, em prédio de propriedade do Dr. João José Correia. Lembro-me do fato pois quando criança, cheguei a assistir neste espaço diversos tipos de apresentações, entre elas de ballet. E neste local também foi sede do referido clube.

Orchestra Losano
Identificados, da E para D: 3⁰- Erotides de Campos 4⁰- Fabiano Lozano





Detalhe da imagem anterior.




Também nas primeiras décadas do século XX viveu Carlos Brasiliense, um dos mais completos músicos de Piracicaba. Nascido em 1 de novembro de 1.894, era filho de Henrique Brasiliense e de Laura Kiehl Brasiliense. Era um autodidata que se deixou levar por uma profunda vocação musical, e todos os musicistas da época não hesitavam em chamá-lo de Maestro Carlos Brasiliense, ou moço, dizia Leandro Guerrini, “perfeito no solfejo rítmico, no solfejo tonal leitura de primeira vista, escola antiga, cheia de graça, de técnica de vivacidade.”






Melita e CarlosBrasiliense










O Maestro Carlos Brasiliense dirigiu a orquestra do Ísis Theatre, depois Politeama. Foi sua esposa Melita Brasiliense, mulher que se impôs pelo talento artístico e senso de caridade. Também foi professora de geografia no Colégio Piracicabano na década de 60. Carlos e Melita não tiveram filhos, mas adotaram algumas crianças.

Carlos Brasiliense foi o primeiro a colocar em pauta a música “Piracicaba”, de Newton de Mello, hino de nossa cidade. Também era membro da Orquestra Piracicabana. Tocava violino, rabecão, cello e viola. Faleceu em 16 de junho de 1953. Piracicaba começava a romper com seu passado. Carlos Brasiliense, ao morrer, já tinha sido esquecido.
Newton de Mello



Em 25 de maio de 1925 foi fundada também por Fabiano Losano a Sociedade de Cultura Artística.
Em 6 de junho de 1929 músicos de Piracicaba preconisam a criação da Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Mas a idéia não criou raízes. Foi então denominada de Orquestra Piracicabana, que se filia à Sociedade de Cultura Artística.
Fazem parte desta orquestra, Regina do Lozano, musicistas como os Dutra, Leontino Ferreira de Albulquerque, e Eduardo Salgado.
Ainda em 15 de outubro de 1929 a Orchestra Piracicabana e o Orpheon Piracicabano apresentavam-se no Teatro Santo Estevão.



Maestro Losano viaja em 1931 para o nordeste, quando então assume a regência o Dutra. Mas este, logo nas metade dos anos de 40, para assumir cargo no Departamento de Cultura, em São Paulo.






Orchestra Piracicabana em 1934 Regente: Benedicto Dutra Teixeira




Em 1946 a orquestra é reorganizada pela Cultura Artística, tornando-se autônoma por solicitação do Sr. Jaime Rocha de Almeida.
Já ostentando o novo nome de Orquestra Piracicabana de Amadores, passa ser regida pelo maestro belga Edgard Von den Branden, que muda-se para Campinas algum tempo depois.









Orquestra Piracicabana de Amadores 1958 regente: Benedito Dutra Teixeira










Na década de 50, Dutra reassume a regência. Foi período de intensa atividade musical. Em 6 de janeiro de 1958 surge a Orquestra Rizzi, sob regências do Maestro Germano Benencase. Residia em Americana e era professor no Colégio Piracicabano.






Maestro Benencase





Em 1962, com o falecimento de Benedito Dutra Teixeira, a Orquestra Rizzi realiza conserto em na Società Italiana di Mútuo Soccorso em homenagem a este grande maestro. Tamém na mesma época, a Orquestra Rizzi e Piracicabana de Amadores começam a se fundir. A união oficial somente daria-se em 1965, quando adotaram o nome de Orquestrade Amadores Benedito Dutra Teixeira, sob a direção de seu filho Rossini Rolim Dutra e Egildo Pereira Rizzi.
Esta Orquestra participou, em 1967, das festividades do 2º centenário da cidade apresentando-se sob a regência de Rossini.







Egildo Rizzi

Rossini Rolim Dutra








Após este período, o interesse pela Orquestra permanece, de maneira efetiva, sob a liderança dos irmãos Rizzi – Reginaldo, Rodolfo e Egildo – aos quais se soma Hélio Manfrinato, no início dos anos 90, consolidando-se o movimento pela sua ampliação. Assim, em 1991, inicia-se nova fase na vida da Orquestra, que chega a 50 músicos e realiza vários concertos. A partir de então, Hélio Manfrinato passa a ser o regente titular. Em 1994, finalmente, o sonho dos anos 20 se concretiza e surge a Orquestra Sinfônica de Piracicaba, sob a direção de Hélio Manfrinato, Olênio Veiga e Egildo Pereira Rizzi.








Olênio Veiga

A Orquestra de Piracicaba – chamêmo-la assim, em uma síntese de suas diversas denominações e na caracterização de sua existência como um patrimônio da cidade – tem mais de um século de existência, marcados por vicissitudes e êxitos, em que não faltou a dedicação de seus músicos, entre eles Olênio Veiga, que dela participou de 1928 a 1997, e de professores da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, como Eduardo Augusto Salgado, Alcides Guidetti Zagatto e Jaime Rocha de Almeida – para só mencionar os falecidos – assinalando o vínculo indelével dos agrônomos com a cultura piracicabana.
Chega a Orquestra aos dias atuais (sob a regência de Egildo Pereira Rizzi, a partir de 15 de outubro de 1997) norteada pelos fundamentos que lhe são próprios desde o início, tendo promovido, nos últimos anos, espetáculos magníficos destinados à divulgação da música erudita, ao resgate da obra de autores nacionais e à valorização da cultura popular, de que foram exemplos, a partir de 1996, o Concerto da Cidade de Piracicaba e os espetáculos Alvorada de Lírios (comemorativo do centenário de nascimento de Erotides de Campos), Lendas do Brasil (comemorativo dos 500 anos do descobrimento do Brasil e do centenário da Orquestra) e Terra da Viola, em que se uniram, pela primeira vez, a espontaneidade da música caipira e a elaboração técnica da música sinfônica. Hélio Manfrinatto




FABIANO LOZANO

Músico, compositor, intelectual, pessoa a quebrar os alguns dos muitos tabus sociais que cercavam famílias e jovens ao início do século XX. Fabiano Lozano nasceu na Espanha, em 1884, e chegou ao Brasil aos 13 anos, vindo a residir em Piracicaba. Diplomado aos 19 anos, retornou a seu país, onde aperfeiçoou-se em piano, harmonia, regência, no Conservatório de Música e Declamação de Madri.
E, de volta ao Brasil, passou a dedicar-se ao ensino como professor primário, a partir de Piracicaba. Não se tratava, entretanto, de um artista comum. Em torno de si, Fabiano Lozano, como professor do Colégio Piracicabano, reunia jovens , intelectuais. Muitos são os relatos dos saraus que promovia, numa atmosfera onde a música era ponto central. Com esse perfil, não foi difícil que uma de suas alunas por ele se apaixonasse: trava-se da filha de uma família de imigrantes norte-americanos de Santa Bárbara D'Oeste. E, ao casar-se com Dora Pyles, o músico espanhol também quebrava outro tabu: tratava-se do primeiro casamento na colônia dos americanos com alguém que não fosse do próprio grupo.


Quando, em 1914, a Escola Complementar transformou-se em Escola Normal, Fabiano assumiu a cadeira de música e iniciou o Orfeão Normalista, apontado por muitos como o primeiro esforço de movimento coral articulado em uma escola. E sua trajetória foi cada vez mais rápida e ascendente: fundou em 1915 a Orquestra Lozano e, no Colégio Piracicabano, passou a oferecer um curso de piano em dez etapas.
Lozano também foi o criador do Orfeão Piracicabano (Na foto, à frente do Orfeão Piracicabano, o primeiro do Brasil), para aproveitar vozes privilegiadas que ele encontrara na cidade. Queria, ele, um grupo mais estável que o Orfeão Normalista, cuja mudança de componentes era freqüente, em função do rápido período escolar de seus cantores.
Mas, para Piracicaba, o fato mais significativo daquele espanhol que encantava a todos foi sua responsabilidade na criação da Sociedade da Cultura Artística. Foi em sua casa, em 25 de maio de 1925, que uma reunião preparatória deu início ao movimento. Seu primeiro presidente foi Antonio dos Santos Veiga e, a partir de então, concertos se sucederam em Piracicaba, transformando a cidade do interior em ponto convergente de grandes artistas do país, como Magdalena Tagliaferro - que em 1951 tocou justamente em homenagem a Fabiano Lozano - Guiomar Novaes, Bidu Sayão, Camargo Guarnieri, Anna Stella Schic, Iara Bernete.
Os três primeiros concertos tiveram, entretanto, a presença de Fabiano Lozano: todos foram dados pelo Orfeão Piracicabano a quem Mário de Andrade, em 1928, assim se referiu: " é o primeiro coro artístico do Brasil. Não é o primeiro em data, mas o primeiro em valor. O Prof. Lozano é animador admirável dessa moçada piracicabana. A ele cabe o mérito indelével dos primeiros prazeres corais que o Brasil pode criar". Muitos foram os jornais da época que registraram a ovação dedicada ao grupo, quando de sua apresentação no Teatro Municipal de São Paulo, o que pode incrementar ainda mais a luta desenvolvida por seu maestro em favor do canto orfeônico em todo o país.
Tornando-se cada vez mais conhecido por suas composições e arranjos, Lozano respondeu pela chefia do Serviço de Música e Canto Coral do Departamento do Estado de São Paulo. E foi mais além: convidado, transferiu-se para Pernambuco, onde orientou o ensino de música e canto coral nas escolas públicas de todo o Estado. Só foi aposentar-se depois de 45 anos de atividades junto ao magistério paulista, depois de ter formado também o Orfeão do Professorado Paulista . Deixou muitas obras, inclusive dirigidas ao ensino da música no ensino básico e médio, assim como várias publicações específicas para canto orfeônico, sempre priorizando a educação musical das crianças.

A Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz, outra debutante do início do século XX em Piracicaba também não deixou de contribuir para o movimento musical. Pelas suas fileiras passaram os seguintes agrônomos, a quem temos de agradecer a colaboração de terem, além de profissionais da terra, terem abraçado seus sonoros instrumentos. Entre o período de 1906 a 1995 estes foram as pessoas que atuaram: Alberto Seccarelli, Alcides Guidetti Zagatto, Antonio Cobra Neto, Eduardo Augusto Salgado, Evandro Almeida, Franz Filipe Cury Usberti, Frederico Zink, Hélio Almeida Manfrinato, Jaime Rocha de Almeida, José Alfredo Usberti Filho, José Vizioli, Justo Moretti Filho, Mário Romanelli, Osires Tolaine, Roberto Usberti, Ronald Castellari, Vinicius Cotrim do Nascimento e Warwick Manfrinatto.


1992
Coral Luiz de Queiróz
É composto de aproximadamente 45 pessoas, entre alunos de graduação, pós graduação, professores, funcionários do campus e dependentes, além de algumas pessoas da comunidade piracicabana.
Regência de Nelson Norberto de Sousa Vieira Sobrinho
Formado pela Faculdade de Música da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Fez o curso clássico de piano no Conservatório Musical de Campinas e aperfeiçoamento com o pianista Eduardo Martins em São Paulo.
Foi aluno de Liana Amarante, com quem educou a voz.
É barítono e fez o curso de canto lírico também no Conservatório Musical de Campinas.
Está há 3 anos trabalhando como Regente do Coral Luiz de Queiróz.

Orquestra Piracicabana de Amadores
Recém criada Orquestra, com aproximadamente 25 músicos, muitos de renome da cidade ex-integrantes da Orquestra Fabiano Losano (década de 30), Orquestra Piracicabana (década de 60) e Orquestra Rizzi (década de 50), mesclada com jovens músicos.
Hélio de Almeida Manfrinato foi aluno de violino do maestro Germano Benencase até 1941.
Participou da Orquestra Piracicabana, como 2 violino, sob regência do maestreo Benedito Dutra.
Com a vinda do maestro van Den Branden a Piracicaba, e a seu convite, passou à viola da mesma orquestra.
Com o mesmo instgrumento colaborou com na sinfônica da Escola de Música de Piracicaba, sob a regência do maestro Ernest Mahale.
Foi regente do Coal Willian Koger da Igreja Metodista de Piracicaba por mais de 30 anos.
Participou em 1980, juntamente com Zilmar Marcos e João Barbosa Duarte, na formação do Coral Luiz de Queiróz, sendo seu regente até 1983.
Atualmente é regente da Orquestra Piracicabana de Amadores.

Os mais sinceros agradecimentos ao


Maestro Egildo Pereira Rizzi
Eng. Agron. José Carlos de Moura
Orquestra Sinfônica de Piracicaba





Bibliografia:


Revista da Cultura Artística
Folders cedidos por Rodolfo Renzi





quarta-feira, 15 de abril de 2009

EROTIDES DE CAMPOS


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No universo da música constam várias peças com o nome Ave-Maria. Muitos célebres são as de Charles Gounoud, de Franz Schubert, Giuseppi Verdi, Bonaventura Somma, Giacomo Puccinni. Tratam-se de melodias que ultrapassaram as fronteiras dos paises de origens e tornaram-se canções do mundo musical. A França, Itália e Áustria presentearam o mundo através dos seus compositores, com estas canções clássicas.
O Brasil também contribuiu com a sua Ave-Maria. Não no campo clássico, mas no popular. Falamos da célebre Ave-Maria composta por Erotides de Campos, nascido em Cabreúva, interior de São Paulo em 15 de outubro de 1896 e falecido em 20 de março de 1945. Compositor de marchinhas, sambas, choros, pianista e tocador de vários instrumentos, foi professor de física e química e passou parte da sua vida na cidade de Piracicaba. Em algumas composições, Erotides costumava assinar com o pseudônimo de Jonas Neves o que induziu muitas pessoas acreditarem que esse Jonas seria outro compositor, quando na verdade era o próprio Erotides.
A valsa Ave-Maria foi composta em 1924 e gravada em disco de cera por Pedro Celestino, irmão do cantor e ator Vicente Celestino. Na época não obteve consagração popular.
Mas, em 1939, o cantor Augusto Calheiros, de voz afinadíssima e dono de agudos peculiares, nascido em Maceió, em 05 de junho de 1891 e falecido no Rio de Janeiro em 11 de janeiro de 1956, gravou esta valsa e tornou-a conhecida nacionalmente. Nossos avós e nossos pais cantaram muito esta canção. Depois desta, outras ave-marias enriqueceram o cancioneiro popular brasileiro. Por exemplo: Ave-Maria no Morro, de Herivelto Martins, Ave-Maria dos Namorados, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia e Ave-Maria Sertaneja, de Júlio Ricardo e O. de Oliveira, tão bem interpretada por Luiz Gonzaga.
Aqui, uma oportunidade para você que, porventura tenha ouvido seus avós ou pais cantarem esta canção, ou mesmo você tê-la ouvido no tempo do rádio sadio, vale a pena cantá-la, embora baixinho, para recordar um tempo bem vivido.
Esta é a letra completa dela:
Cai a tarde tristonha e serena em macio e suave langor despertando no meu coração a saudade do primeiro amor.
Um gemido se esvai lá no espaço, nesta hora de lenta agonia quando o sino saudoso murmura badaladas da Ave-Maria.
Sinos que tangem com mágoa dorida recordando sonhos da aurora da minha vida.
Dai-me ao coração paz e harmonia na prece da Ave-Maria. No alto do campanário uma cruz simboliza o passado.
De um amor que já morreu deixando um coração amargurado.
Lá no infinito azulado uma estrela formosa irradia.
A mensagem do meu passado quando o sino tange Ave-Maria
Este som de profundo mistério faz pulsar meu coração quando penso tão triste e sozinho num passado de grata ilusão.
Eu me lembro das tardes de outrora que contigo sonhava a poesia do amor que feliz te jurava ao murmúrio da Ave Maria.
Se no que tange para amenizar a saudade nos tempos que vivi a sonhar, mil venturas de suave alegria minha alma ao som da Ave Maria.
Lá no infinito azulado uma estrela formosa irradia a mensagem do meu passado quando o sino tange Ave Maria.
Cai a tarde tristonha e serena em macio e suave langor despertando no meu coração a saudade do primeiro amor.
Um gemido se esvai lá no espaço, nesta hora de lenta agonia quando o sino saudoso murmura badaladas da Ave-Maria.
Sinos que tangem com mágoa dorida recordando sonhos da aurora da vida.
Dai-me ao coração paz e harmonia na prece da Ave-Maria.
No alto do campanário uma cruz simboliza o passado de um amor que já morreu deixando um coração amargurado.
Lá no infinito azulado uma estrela formosa irradia a mensagem do meu passado quando o sino tange Ave-Maria.

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Realmente, as músicas de Erotides de Campos tem o toque imortal da genialidade

Erotides de Campos foi piracicabano por escolha e vivência, tendo nascido em Cabreúva.
Ainda menino, veio morar em Piracicaba em companhia do tio, Luis da Silveira Neves, em 1908. Desde criança, sua vocação para a música despertou a atenção de professores e da família. Aos pais, músicos e muito pobres, não escapou o talento precoce do filho, que aos 8 anos de idade, já estudava piano com Francisca Júlia da Silva, poetisa de renome e pianista, ao mesmo tempo em que cursava escola municipal de Cabreúva.
Em 1905, um padre salesiano, ouvindo falar dos dons do menino, levou-o a estudar no Liceu Coração de Jesus, em São Paulo. O seu virtuosismo na flauta, apesar da tão pouca idade, surpreendeu a todos. Mas, passando as férias em Cabreúva, em 1907, Erotides foi atacado por tifo e teve que abandonar os estudos em São Paulo.

Em Piracicaba
Chegando a Piracicaba, Erotides de Campos integrou a já famosa orquestra piracicabana que se apresentava nos cines Iris e Politeama. A orquestra, entre outros, contava com a participação de Osório de Souza, Melita e Carlos Brasiliense, João Viziolli, Renato Guerrini. Participou, também, da banda União Operária.
Estudou na Escola Normal - atual "Sud Mennucci" - onde chamou a atenção do também músico Honorato Faustino, que passou a estimulá-lo. Formou-se em 1918 e foi lecionar na escola da estação de Monjolinho, em São Carlos. Conseguiu a segunda nomeação, retornando a Piracicaba onde lecionou no Grupo Escolar de Tanquinho e, depois, no de Dois Córregos. Em 1921, casa-se com Maria Benedita Germano.
Por alguns anos - de 1923 a 1932 - ficou em Pirassununga, atendendo ao convite do então prefeito e futuro interventor de São Paulo, Fernando Costa. Mas volta a Piracicaba em 1932, nomeado como professor de Química do Curso Complementar, anexo à Escola Normal.
Destacou-se não apenas como professor e músico, mas, também, como homem voltado à caridade. Ele, com sua mulher Tita, foram os criadores do "Culto à Saudade", que criou o costume de os vicentinos, no Dia de Finados, postarem-se à porta do cemitério, colhendo donativos para os necessitados.

A obra
São mais de 230 as composições de Erotides de Campos, entre peças editadas e não editadas. São berceuses, canções, choros, dobrados, charlestons, elegias, valsas e outras formas musicais. Suas partituras foram ilustradas por desenhistas famosos, como Belmonte, Carnicelli, Valverde e Vantik. Entre os parceiros de Erotides, quase sempre autores dos versos, estão Benedito Almeida Júnior, Elias de Mello Aires, Francisco Lagrecca, Leandro Guerrini, Nilton Almeida Mello, Silvio Aguiar Sousa, entre outros.
Usando pseudônimos, Erotides de Campos acabou sendo vítima de um grande equívoco: a sua mais famosa composição, a "Ave Maria", foi composta com o nome de Jonas Neves, na verdade parte de seu nome, Erotides Jonas Neves de Campos. Isso lhe custou a retenção, após sua morte, dos direitos autorais pela SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais). Apenas em 1985, o jornalista Luiz Thomazi conseguiu desfazer o equívoco, permitindo, à viúva Tita, usufruir dos direitos autorais.
Entre as centenas de composições, destacam-se, além da "Ave Maria", "Murmúrios do Piracicaba", Alvorada de Lírios, Uma Barquinha Azul.
Erotides de Campos morreu repentinamente, em 20 de março de 1945, quando elaborava a capa do "Cancioneiro Escolar", com músicas suas. Homem humilde, recatado, mulato, Erotides de Campos recebeu a homenagem de Piracicaba num enterro em que se revelou a comoção popular. Seu nome foi dado a uma rua da cidade, ao grupo escolar de Paraisolância e a uma sala de música o do I. E. "Sud Mennucci". No cemitério da Saudade, foi erguido um mausoléu com as primeiras notas musicais da "Ave Maria" inscritas em mármore
Em Piracicaba, foi instituída a Semana de Erotides de Campos, que tem sido esforçadamente levada à frente pelo biógrafo de Erotides, José Carlos de Moura, engenheiro agrônomo.
Fotografias
1- Erotides de Campos moço, quando estudava na Escola Normal-1921
2- Erotides (em destaque) em 1905 na Banda Orfelina, de Cabreúva
3- Erotides com Nelson Gonçalves "Ao distincto amigo Erothides de Campos, uma recordação de grata amizade. São Paulo 1 de outubro de 1936 Nelson"
4- Erotides de Campos e sua esposa no Rio de Janeiro "Rio 1 de janeiro de 1929"

Bibliografia
Memorial de Piracicaba 2002/03, de Cecílio Elias Netto
Alvorada de Lírios Obra musical de Erotides de Campos. Publicação da FEALQ Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiróz 1996 Coordenação José Carlos de Moura

Agradecimentos
Os mais sinceros agradecimentos a todos aqueles que permitiram a síntese de textos, fotos, letras e músicas, em especial ao Dr. José Carlos de Moura, ao maestro Egildo Rizzi, da maestrina Helen Sanches, Caco Piccoli e o jornalista Cecílio Elias Neto.
Uma lei promulgada em 1996 institui a Semana Erotides de Campos entre 9 a 15 de outubro, onde acontecem apresentações musicais do referido compositor.

Todos estes fatos demonstram mais uma vez o compromisso dos cidadãos de Piracicaba nas mais diferentes esferas, e outros também que não da cidade, em colaborar nas mais diversas formas no sentido de divulgar e manter à tona na memória da população o que esta cidade acobertou em seu seio com tanto carinho e que a honra sobremaneira.

sábado, 4 de abril de 2009

MANOEL MARTHO

Veja mais em:
http://www.youtube.com/watch?v=HGcprf8l_ec


MANOEL MARTHO

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Piracicaba é uma cidade quase que milagrosa.

Milagrosa no sentido de ter sido chamada de Ateneu paulista nas primeiras décadas do século XX: seu nível de ensino era um dos melhores.

Milagrosa por ser local escolhido como residência do primeiro presidente civil do Brasil.

Milagrosa por ter existido pessoa como Luis de Queiróz, quinto filho do Barão de Limeira e neto do Marquês de Valença.

Herdando as propriedades do pai, escolheu esta cidade para instalar seus negócios. Assim foi criada uma fábrica de tecidos, e Piracicaba já em 1893 possuía energia elétrica graças a este gênio empreendedor.


E seguramente o maior legado que deixou, não apenas para esta cidade, mas inclusive elemento de orgulho para todo o Brasil, foi lançar as raízes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz, referência mundial em ensino e pesquisa.

Milagrosa por ter vivido um também aqui Estevam Ribeiro de Sousa Rezende, o Barão de Rezende. Os frutos de seu trabalho renderam a Piracicaba o Engenho Central, o desenvolvimento do transporte fluvial, o Teatro Santo Estevam, o ramal da Estrada de Ferro Ituana, a ponte sobre o Rio Piracicaba.

A ingerência de sua filha ocasionou a construção do Sanatório São Luiz (para tuberculosos), da Igreja Imaculada Conceição, na Vila Rezende e também estímulo no Instituto Baronesa de Rezende.

Poderíamos continuar a relacionar um infindo rol de nomes benfeitores da antiga “Villa da Constituição”. Mas nosso interesse no momento fundeia-se nos talentos artísticos que aqui nasceram, palmilharam estas ruas e deixaram suas marcas indeléveis, marcando a memória de diversas gerações.

Para iniciar esta série de personalidades, escolhemos nada mais nada menos que um pintor. Seu nome é Manoel Martho. A preferência à sua pessoa é porque ainda está entre nós. Prestar homenagem póstuma a quem quer que seja não é concludente em nossa visão. O importante é a pessoa receber os lauréis que tenha direito pelo seu desempenho, dedicação e fibra para atingir o almejado, e não seus familiares.

Optamos por Martho porque era a criança pobre, de família também nas mesmas condições. Com seus desejos e sonhos, lutava no seu dia a dia para levar alguns vinténs para casa e auxiliar na manutenção da mesma. Explorar sua jornada infanto-juvenil nos traz à mente as “Aventuras de Tom Sawyer” de Mark Twain, evocando as mirabolantes peripécias deste personagem.

Optamos por sua pessoa, pois, enfrentando todas as adversidades de uma vida atribulada, nunca deixou seu sonho morrer.


Ainda mais, nossa opção foi baseada na coragem e singeleza que teve dissecar de forma crua a nua sua luta pessoal e familiar voltadas para a subsistência. E em nenhuma ocasião de sua narrativa vemos ocorrer sequer uma palavra que possa ser encarada como queixa ou revolta de sua situação menos privilegiada que ele e sua família estiveram submetidos.

Martho formou-se professor e em 1952 assumiu a cadeira na cidade de Nova Granada, noroeste paulista. Foi onde conheceu Lourdes Vicente Santana com quem viria a casar-se um ano depois. Em 1961 fixou residência em São José do Rio Preto, onde vive até os dias atuais.
Em seu livro intitulado “Auto-retrato” (Editora Degáspari 2008 Piracicaba) podemos mergulhar neste mundo quase onírico e nos deleitar com a história de um homem que fez de seus sonhos infantis seu motivo existencial, e trilhando pelos mais diversos caminhos, com o apoio de pessoas como Prof. Leandro Guerrini e sua esposa, Eugênio Nardim, Frei Paulo, a Família Dutra e muitas outras pessoas, atingiu o ponto desejado.

Com suas cores intensas e vibrantes, retratou o mundo em que viveu e vive, ocupando seu lugar no espaço e na história. É uma mensagem de otimismo e uma lição de vida.

Por isto e tudo mais, nada mais justo que falar: é um homem que veio e venceu.


Quadros

Ressureição de Lázaro
Sermão da Montanha
Nhô Efigênio
"Casa do Povoador" de Piracicaba
P.S.
Manoel Martho faleceu em 14 de janeiro de 2011 às 17 horas, tendo sido sepultado na cidade de São José do Rio Preto, no cemitério São João Batista, às 15 hs.