Homenagem ao Cururueiro "Nhô Serra"
Capítulo do livro
"Cururu em Piracicaba", de Olivio N. Alleoni
2.1- Nhô Serra, visto pelo filho Oscar Francisco Silva Bueno
Sebastião da Silva Bueno foi um caboclo que nasceu pelos lados do bairro da “Vicentada”, na Fazenda Figueira[i] em 16 de junho de 1928.
Era um caboclo que tinha a ambição de ser cantador, nasceu para ser cantador, “por causo” que já vinha duma geração de cantadores. Posso dizer que ele nasceu no meio da festa e viveu no meio da festa. Sebastião da Silva Bueno, Nhô Serra, quando veio ao mundo, já tinha o pai que cantava, a mãe que cantava, os tios que cantavam, nasceu no meio da viola e no meio do repente e do cururu.
Antigamente se cantava muito louvando a parte religiosa. Tudo o que se fazia era cantado enaltecendo, e depois se brincava com os versos. Mas o costume que predominava na área rural era o seguinte: tinha-se uma colheita boa, fazia-se um mutirão, e depois havia festa com comida, bebida e cantoria. Qualquer festa por causa de um santo ou reza virava nisto também. Qualquer evento que havia, era isto o que acontecia. E na época, na primeira metade do século XX, a parte rural era bem mais habitada do que hoje.
Sempre existia alguma festa, aqui ou acolá. Carne de porco ou vaca, alimentos raros no meio rural antigamente, nunca deixavam de faltar nas principais festas. Quando matava um boi ou porco, este era dividido para a colônia[ii] inteira. Havia a comida, a bebida e o canto. E o cantar sempre foi diversão no meio rural. Era somente ter uma sanfona ou viola... E sempre havia alguém com uma.
Não conheci meu avô, porque ele, Oscar Bueno, morreu com 45 anos. Mas conheci meu bisavô, que morreu de registro com 104 anos. Todos cantavam.
Meu avô morava em uma casinha de barro e tinha um pé de fruta de pomba[iii] de um lado e de outro uma barriguda ou uma paineira. Morava sozinho, e quando faleceu a casa caiu e as duas árvores morreram. Aquele lugar definhou e morreu junto com ele.
A luz elétrica passava sobre a sua casa, até fazia “barriga” neste lugar. E ele nunca acreditou em energia elétrica, em rádio ou televisão. Nunca acreditou que o homem tivesse ido à lua.. Ele não conseguiu entender o rádio. Cumo é que’ste pessoar pode tá dentro du rádio? Sempre viveu em seu mundo, com sua cultura. E sempre cantando.
Cantava não o cururu que é cantado hoje. Cantava a batida antiga de viola com tambú[iv] junto, em uma levada bem mais simples. E era cantada muito a “cana verde” [v] naquela época.
Toda festa que ocorria reuniam-se, não vamos falar em dois, três cantadores, todo mundo entrava e cantava. É por isto que se falava roda de cururu. Cantava-se a levada que estava sendo feita. O ritmo e verso eram colocados pelo pedestre, que servia para várias coisas, desde a continuidade da parte religiosa até a profana. Naquela época não existia cantador melhor ou pior, todo mundo era igual.
Quando Nhô Serra veio para a cidade cantou pela primeira vez em Capivari entre 1945 e 1948. Tinha ido para tocar viola, mas João Davi não pôde cantar aquela noite. Nunca havia cantado profissionalmente.
Também já conhecia Chiquito do sítio. A primeira vez que cantou com ele foi também pelos lados da Vicentada[vi]. Ali entre os dois nasceu uma amizade enorme, que durou décadas. Quando Chiquito começou a cantar ele já estava no rádio, cantando com o “Buenão”, seu irmão.
Nesta época já existiam “os bambas” do cururu, que eram João Davi, Bastião Roque, Zico Moreira e Dito Silva. Não foi Nhô Serra que trouxe o cururu para a área urbana, mas sim este pessoal, inclusive no antigo teatro Santo Estevão[vii]. A antiga Rádio PRD-6 aproveitava quando havia cururu no teatro para fazer também no seu auditório.
Mas os “quatro bambas” eram “fechados”, só eles eram chamados na região toda para cantar. O primeiro a falecer foi Sebastião Roque, depois Dito Silva, João Davi e Zico Moreira. Quando um deles falecia logo era substituído. Assim é que entraram para o grupo Pedro Chiquito, Parafuso e Nhô Serra.
Meu pai para se destacar teve que oferecer alguma coisa diferente. E entrou juntamente com o Chiquito para cantar. Ao entrarem modificaram um pouco o cururu, dando certo grau de humor. E outra coisa, começou a ser feito um cururu mais acessível, procurando dar ao povo o que ele realmente gostaria de ouvir.
Chiquito chegava e estudava a festa para ver o que iria cantar. Dependendo do povo era o que cantava. Cantava muita história, cantava muito no Livro[viii]. Ele inventava muitas histórias. O interessante que o cururu naquela época começava às 7h da noite e ia embora até outro dia. E o povo ficava.
Antigamente, no cururu dos lados de Bofete, Laranjal, Conchas, quando chegava certa hora da noite havia um intervalo. O pessoal comia e depois voltava a cantar. E me lembro que se estendiam panos no chão para a criançada dormir. Ia toda a família e depois ficava a molecada a dormir no chão. Hoje isto não existe mais. Um cururu hoje para se durar duas horas tem que se fazer muita coisa[ix].
Nesta época em que estamos a falar, foi quando se abriram as portas para o cururu. Meu pai trabalhou na Rádio Difusora, onde ele ficou várias décadas.
O nome artístico “Nhô Serra” nasceu quando meu pai saiu do sítio e veio para a cidade. Isto foi na década de 40. No sítio tinha o apelido de Tiãozinho. O que mais gostava era contar causos, tocar viola e cantoria. O trabalho habitual nunca foi seu forte. Era uma pessoa cunhada para ser artista. Aonde chegava, começava a conversar e contar fatos, e tudo mundo parava de trabalhar. Começava a contar os causos e não parava mais.
Contava muita coisa que acontecia da Ibitiruna [x] (antiga Serra Negra). Tudo o que ele inventava e acontecia, acontecia em Serra Negra. Quando chegou a Piracicaba, seu primeiro emprego foi na Dedini. Agora imaginem o Nhô Serra trabalhar na Dedini. Não tinha como. Ficava sentado com o povo conversando e contando seus causos. Tanto que não durou muito este seu emprego. Então, foi aí que começou o apelido. “Olha, o Serra vem vindo”...
Nesta época, já havia entrado na rádio para cantar. Cantava com o “Buenão”, seu irmão mais velho (Antonio Cândido Bueno). No início era Tiãozinho e Buenão, depois mudaram o nome para Serra e Buenão. Mais uma alteração ainda foi necessária.. Foi o próprio pessoal da Rádio Difusora que sugeriu Nhô Serra. Então ficou a dupla Nhô Serra e Buenão. Meu tio cantava muito bem cururu. Ele era mais velho que meu pai. Mas houve um tempo em que mudou de religião e então nunca mais cantou[xi].
Nesta época também começou a cantar com Pedro Chiquito. A turma de meu pai que era forte mesmo: Nhô Serra, Pedro Chiquito, Zico Moreira e Parafuso. Este foi um tempo forte.
A amizade entre meu pai e Chiquito surgiu numa festa, cantando, no sítio. Só que nenhum dos dois lembrava qual foi o primeiro assunto que cantaram, não rememoravam a data, e nem como se conheceram. Apesar de ter sido uma amizade extremamente profunda, nenhum dos dois se lembrava como é que tinha sido o começo. Mas foi uma vida de amizade e não somente o profissional. Quando meu pai sofreu o “derrame” e voltou a falar, disse que tinha perdido metade do corpo, mas que não tinha problema porque ele ainda tinha a outra metade. Mas quando Chiquito morreu, disse: Lembra que quando tive o derrame, tinha perdido a metade do corpo? Agora que Chiquito foi embora, perdi a outra metade.
Depois disto, meu pai perdeu o ânimo não queria cantar mais.. Mas a verdade é que eu nunca o deixei parar. Realmente Nhô Serra, cantou até o final da vida porque eu o colocava na cadeira de rodas e o levava, nem que fosse arrastado. E isto era sua justificativa existencial.
O pessoal que estou dizendo que cantava, era requisitado na região toda. Por que o sucesso de Nhô Serra, Pedro Chiquito, o Luizinho Rosa, o Zico Moreira, Horácio Neto? Neste meio tempo, meu pai também lançou Jonata Neto e o Moacir Siqueira (chamava Moacir 70). Porque o sucesso?
Ele tinha programas em Piracicaba, na Difusora (PRD-6), na PRF-8 em Botucatu, Rádio Convenção de Itu, Rádio Cacique em Sorocaba, na Rádio Globo em rede nacional, e finalmente em Capivari (apesar de ser bem menos). Os programas eram aos sábados e domingos, então era uma correria. Geralmente eram ao vivo. E quando não dava para fazer ao vivo, era gravado. Ele saía de um lugar e ia para outro. Mas a realidade é que para ele isto não era trabalho, era uma diversão. A sua atuação nos programas de rádio foi uma das pilastras que fizeram meu pai conhecido.
Para mim meu pai foi o maior vendedor que existiu no mundo, ele conseguiu vender sua imagem, aquilo que não existia muito neste tempo, e principalmente na rádio. Mas quando ele chegava a uma região, ele acabava fechando muitas festas no lugar... A parte profissional e a capacidade de fazer amizades eram muito fortes nele.
Tenho muito que agradecer à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Ele se aposentou pela Universidade de São Paulo, onde exercia as atividades de apontador. E soube usufruir de sua atividade muito bem. Devido à facilidade de relacionamento, mesmo depois dos alunos saírem formados, ainda mantinha contato com eles. A recompensa logo vinha. Era solicitado a comparecer por estas pessoas para animar festas. Foi assim que fez o seu nome e dos companheiros. Mas apesar disto, quem se destacava era ele. Era ele quem cantava, quem produzia. Então, fez o seu nome. Esta foi a segunda pilastra.
A terceira pilastra foi a de estar sempre com ótimos cantadores e manter um objetivo, de dar ao público o que ele desejava ouvir, fazê-lo rir e se divertir.
Se pudéssemos falar numa quarta pilastra, deveríamos relembrar do temperamento dele, sempre brincalhão, senhor da situação, e nunca mostrando irritação para o público.
Meu pai na infância foi um “capeta”. De família pobre, nasceu na fazenda, namorou muito e casou-se tarde.
Veio para a cidade por dois motivos: tentar ganhar a vida e porque seu pai ficou muito doente, necessitando ser tratado na cidade. Ele teve tanta sorte, que inicialmente conseguiu morar em uma casa, junto às antenas da antiga Rádio Difusora, na Avenida Independência, onde também era responsável pela manutenção delas. Depois, mudou-se para a Paulista. Foi lá onde eu nasci em 1964.
Toda a vida ele foi cantador. Aonde chegava, cantava, onde tivesse uma viola, ele tocava. Se tivesse violão, ele tocava. Outra coisa que costumava fazer e o pessoal admirava: podia ser qualquer bailinho, qualquer festinha, ele pegava um caminhão de um companheiro, enchia de pessoas, de sanfona, violão e: Vamo lá que a gente faiz o baile... Levava quem tocava, quem bebia, quem comia, quem pagava, e fazia a festa mesmo.
Tem uma passagem bonita para contar. E quem conta é o próprio Nhô Serra, num show que deu aos formandos da agronomia de 1987. E começou falando que era professô na escola de agricurtura: professô di vassora. E nem ensiná eu pude, porque num deu tempo. E prá entrá na scola foi uma confusão. Todo mundo queria entrá, e eu num podia sê, porque eu sou “anarfa”. Cumo é qui eu ia entrá? Mai um dia era aniversário do governadô, i eu fui cantá. E cantei assim:
Querido Carvalho Pinto
Quero que preste tenção
A chave de meu São Paulo
Entreguei na sua mão
Quem ajudô a sarvá São Paulo
Poderá sarvá a Nação
Honesto Carvalho Pinto
Se Deus quizé em 65
Será u chefe da Nação.
Ele mi abraçô eu i eu falei no seu ovido: E meu emprego? Segunda-feira eu tava nomeado. Eu fiquei lá té hoje. Agora saí aposentado...
* * *
Meu pai foi indicado para trabalhar na agronomia, e era para trabalhar no campo. Ele chegou para minha mãe e disse: reze pra tudo qu’é santo que conhecê, acenda vela, faça promessa, porque si eu num consegui emprego hoje du jeito qu’eu quero agora, nunca mais...
Pegou, colocou o melhor terno dele, de “linhão 120”[xii], sapato de três cores no pé, “glostora”[xiii] no cabelo, bonitão, papel na mão da indicação, pegou e foi. Meu pai foi entrando, sem passar pelo departamento de recursos humanos, e foi entrando direto na diretoria.
A hora que chegou lá, uma pessoa o atendeu:
Pois não...
Eu sou Sebastião Bueno, que fui indicado... E teve como resposta: Já estou sabendo do caso, sim...
Entrou na sala e falou com o superior:
Sabe aquele cantador indicado? Ele está aí. Como é que eu vou falar para ele que vai ter que abrir valeta no chão, com picareta? Vá ver a estica que o homem está, está parecendo deputado... Como é que vamos fazer?
Mande-o entrar...
Entrou na sala e perguntaram:
Você tem noção o que veio fazer aqui?
Num sei. Disseram que era pra vir aqui pra trabaiá...
Ele tinha sido atendido na parte superior do edifício, onde tem um monte enorme de janelas, e então disse:
Já vou mostrar para o senhor o que vai fazer... De manhã, o senhor vai abrir todas as janelas aqui. E depois, a hora que for embora, o senhor fecha todas elas de novo.
Então, dizem que ele aposentou fazendo isto. Mas na realidade, como já anteriormente tinha sido dito, ele era apontador e bedel da ESALQ.
* * *
Outra passagem interessante é uma trova feita no tempo da Constituinte (1988)
Hoje nosso presidente
Tá numa dura situação
Porque a dívida du Brasiu
Causa admiração.
Do jeito que o Brasiu vai
Dá um passo pra frente e treis prá traiz,
Desse jeito num tá bom
Precisa que o Presidente
Deve prestá bem atenção.
Oiá pro lavradô
Que é a segurança da Nação.
A riqueza é a fia
Que vem por cima di tudo
Os operários são os gaios
Nesta grande construção
O governo é u tronco
Que segura u Brasiu na mão.
E a lavora é a raiz
Por baixo di tudo então.
Mais o governo tem que sabê
Qui se a raiz enfraquecê
A árvore intera
Cai nu chão.
* * *
Nhô Serra sempre teve seu lado brincalhão... Quando chegava a hora do desafio, ele costumava perguntar para o povo se ele queria que fosse xingando, louvando ou agradecendo. E o povo: xingando... xingando... taca o pau, taca o pau... E meu pai: Prá que adiantô o papa vir nu Brasil intão? Oh povo sem religião memo...
Hoje as coisas não mais assim. O cururu antigo era feito em cima de uma charada. Um falava e você tinha que descobrir o que o outro quis dizer. Aí você tinha que mostrar para o povo que havia entendido a charada, e respondia com outra charada. Este era o desafio antigo. Fazia uma crítica severa ou provocação e você tinha de sair dela com outra afronta. Não importava que o fato fosse verdade ou mentira. E tinha que fazer as coisas sem entrar na vida particular do outro. A “ofensa” que se fazia nunca tinha por finalidade realmente insultar os outros cantadores, mas sim criar um estado de espírito que motivasse a tomada de posição pela platéia, onde ela pudesse torcer por um ou outro cantador ou grupo de cantadores.
Na realidade, o palco era um teatro, e o que se passava lá em cima não aumentava ou diminuía a amizade entre os cantadores.
Hoje, aparentemente, o novo cantador vem com o assunto na cabeça, tudo planejado. Nada ou pouca coisa é criada na hora. Antigamente, os cantadores tinham uma atuação diferente.
Nhô Serra entrava e saía ano, eram sempre quatro cantadores e dois violeiros. Era sempre assim, sem falhar. Quando um cantador ficava doente, ele colocava outro, do mesmo nível. Não colocava pitoco[xiv] no meio. Existem ainda bons cantadores, que ainda mantêm a linha antiga do cantar.
Alguns cantadores hoje competem muito entre si. O cururu não é assim. Temos que cantar para agradar o público. Não adianta nada os cantadores ficarem brigando entre si.
Nhô Serra queria que o espetáculo sempre tivesse um determinado nível. Não queria divergências entre os que estivessem no palco. O alvo era o público, e nada mais. E foi assim que o Nhô Serra e os outros cresceram. Sem brigas, sem antagonismos. Na reunião antes do espetáculo, sempre dizia que iam cantar para alegrar e incentivar o povo, não importava quem ganhasse ou perdesse um desafio. Vamo fazê o povo sentí o gosto du cururu.
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A jornada terrena de Sebastião da Silva Bueno, o Nhô Serra, encerrou-se s 19.30 do dia 23 de agosto de 1997.
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[i] Região rural de Piracicaba.
[ii] Denominava-se colônia o agrupamento de casas em área rural, onde habitavam diversas famílias que prestavam serviços a uma propriedade rural.
[iii] FRUTA DE POMBA: árvore de até 13 m (Tapirira guianensis), da família das anacardiáceas, nativa de áreas tropicais da América do Sul, com madeira avermelhada, rígida, de qualidade, folhas membranáceas, com folíolos variáveis em número e forma, flores verde-amareladas, em panículas, e pequenas drupas ovóides, muito procuradas por pássaros; bom-nome, camboatá, pau-pombo, tapirirá, tapiriri, tatapirica.
[iv] TAMBU: O maior dos tambores utilizados no jongo e no batuque paulista; tambor, guanazamba
[v] CANA VERDE: é uma dança em desuso, hoje é considerada uma variação mais longínqua do Siriri. Também é dança típica da baixada cuiabana. Basicamente é uma dança de roda simples, onde homens, mulheres e crianças dançam numa fila, dando dois passos para cada lado. A duração da dança depende do fôlego dos cantadores, da suas possibilidades de desafio; e eles cantam sem parar, eis que cada um faz a segunda voz para o outro, alternadamente, enquanto se "atazanam". Julieta de Andrade - Pesquisa de Folclore em Mato Grosso
[vi] Bairro rural de Piracicaba.
[vii] TEATRO SANTO ESTEVÃO: teatro existente onde hoje é a Praça José Bonifácio, na altura da rua São José em Piracicaba. Foi demolido na década de 50.
[viii] Referência à Bíblia.
[ix] Tive oportunidade de assistir em 2004 diversos cururus em Sítio Grande, área rural de Boituva, onde participaram Horácio Neto, Manezinho Paes, Cido Garoto e Dito Carrara. Os espetáculos iniciavaam-se às 21 h. somente terminando pelas 3 h. da manhã. E o mesmo foi observado nos cururus cantados nas Festas do Divino na região de Tietê e Conchas. Isto para mostrar que ainda existem bons espetáculos na área rural (Nota Autor).
[x] Bairro rural de Piracicaba.
[xi] Fato similar ocorreu com Luizinho Rosa, que agora em 2003 só canta a carreira do sagrado.
[xii] Linho 120: referência a um tipo de linho importado, o melhor que existia na época.
[xiii] GLOSTORA: produto cosmético, brilhantina glostora, década de 1940.
[xiv] O que não tem valor nem importância.
Sebastião da Silva Bueno foi um caboclo que nasceu pelos lados do bairro da “Vicentada”, na Fazenda Figueira[i] em 16 de junho de 1928.
Era um caboclo que tinha a ambição de ser cantador, nasceu para ser cantador, “por causo” que já vinha duma geração de cantadores. Posso dizer que ele nasceu no meio da festa e viveu no meio da festa. Sebastião da Silva Bueno, Nhô Serra, quando veio ao mundo, já tinha o pai que cantava, a mãe que cantava, os tios que cantavam, nasceu no meio da viola e no meio do repente e do cururu.
Antigamente se cantava muito louvando a parte religiosa. Tudo o que se fazia era cantado enaltecendo, e depois se brincava com os versos. Mas o costume que predominava na área rural era o seguinte: tinha-se uma colheita boa, fazia-se um mutirão, e depois havia festa com comida, bebida e cantoria. Qualquer festa por causa de um santo ou reza virava nisto também. Qualquer evento que havia, era isto o que acontecia. E na época, na primeira metade do século XX, a parte rural era bem mais habitada do que hoje.
Sempre existia alguma festa, aqui ou acolá. Carne de porco ou vaca, alimentos raros no meio rural antigamente, nunca deixavam de faltar nas principais festas. Quando matava um boi ou porco, este era dividido para a colônia[ii] inteira. Havia a comida, a bebida e o canto. E o cantar sempre foi diversão no meio rural. Era somente ter uma sanfona ou viola... E sempre havia alguém com uma.
Não conheci meu avô, porque ele, Oscar Bueno, morreu com 45 anos. Mas conheci meu bisavô, que morreu de registro com 104 anos. Todos cantavam.
Meu avô morava em uma casinha de barro e tinha um pé de fruta de pomba[iii] de um lado e de outro uma barriguda ou uma paineira. Morava sozinho, e quando faleceu a casa caiu e as duas árvores morreram. Aquele lugar definhou e morreu junto com ele.
A luz elétrica passava sobre a sua casa, até fazia “barriga” neste lugar. E ele nunca acreditou em energia elétrica, em rádio ou televisão. Nunca acreditou que o homem tivesse ido à lua.. Ele não conseguiu entender o rádio. Cumo é que’ste pessoar pode tá dentro du rádio? Sempre viveu em seu mundo, com sua cultura. E sempre cantando.
Cantava não o cururu que é cantado hoje. Cantava a batida antiga de viola com tambú[iv] junto, em uma levada bem mais simples. E era cantada muito a “cana verde” [v] naquela época.
Toda festa que ocorria reuniam-se, não vamos falar em dois, três cantadores, todo mundo entrava e cantava. É por isto que se falava roda de cururu. Cantava-se a levada que estava sendo feita. O ritmo e verso eram colocados pelo pedestre, que servia para várias coisas, desde a continuidade da parte religiosa até a profana. Naquela época não existia cantador melhor ou pior, todo mundo era igual.
Quando Nhô Serra veio para a cidade cantou pela primeira vez em Capivari entre 1945 e 1948. Tinha ido para tocar viola, mas João Davi não pôde cantar aquela noite. Nunca havia cantado profissionalmente.
Também já conhecia Chiquito do sítio. A primeira vez que cantou com ele foi também pelos lados da Vicentada[vi]. Ali entre os dois nasceu uma amizade enorme, que durou décadas. Quando Chiquito começou a cantar ele já estava no rádio, cantando com o “Buenão”, seu irmão.
Nesta época já existiam “os bambas” do cururu, que eram João Davi, Bastião Roque, Zico Moreira e Dito Silva. Não foi Nhô Serra que trouxe o cururu para a área urbana, mas sim este pessoal, inclusive no antigo teatro Santo Estevão[vii]. A antiga Rádio PRD-6 aproveitava quando havia cururu no teatro para fazer também no seu auditório.
Mas os “quatro bambas” eram “fechados”, só eles eram chamados na região toda para cantar. O primeiro a falecer foi Sebastião Roque, depois Dito Silva, João Davi e Zico Moreira. Quando um deles falecia logo era substituído. Assim é que entraram para o grupo Pedro Chiquito, Parafuso e Nhô Serra.
Meu pai para se destacar teve que oferecer alguma coisa diferente. E entrou juntamente com o Chiquito para cantar. Ao entrarem modificaram um pouco o cururu, dando certo grau de humor. E outra coisa, começou a ser feito um cururu mais acessível, procurando dar ao povo o que ele realmente gostaria de ouvir.
Chiquito chegava e estudava a festa para ver o que iria cantar. Dependendo do povo era o que cantava. Cantava muita história, cantava muito no Livro[viii]. Ele inventava muitas histórias. O interessante que o cururu naquela época começava às 7h da noite e ia embora até outro dia. E o povo ficava.
Antigamente, no cururu dos lados de Bofete, Laranjal, Conchas, quando chegava certa hora da noite havia um intervalo. O pessoal comia e depois voltava a cantar. E me lembro que se estendiam panos no chão para a criançada dormir. Ia toda a família e depois ficava a molecada a dormir no chão. Hoje isto não existe mais. Um cururu hoje para se durar duas horas tem que se fazer muita coisa[ix].
Nesta época em que estamos a falar, foi quando se abriram as portas para o cururu. Meu pai trabalhou na Rádio Difusora, onde ele ficou várias décadas.
O nome artístico “Nhô Serra” nasceu quando meu pai saiu do sítio e veio para a cidade. Isto foi na década de 40. No sítio tinha o apelido de Tiãozinho. O que mais gostava era contar causos, tocar viola e cantoria. O trabalho habitual nunca foi seu forte. Era uma pessoa cunhada para ser artista. Aonde chegava, começava a conversar e contar fatos, e tudo mundo parava de trabalhar. Começava a contar os causos e não parava mais.
Contava muita coisa que acontecia da Ibitiruna [x] (antiga Serra Negra). Tudo o que ele inventava e acontecia, acontecia em Serra Negra. Quando chegou a Piracicaba, seu primeiro emprego foi na Dedini. Agora imaginem o Nhô Serra trabalhar na Dedini. Não tinha como. Ficava sentado com o povo conversando e contando seus causos. Tanto que não durou muito este seu emprego. Então, foi aí que começou o apelido. “Olha, o Serra vem vindo”...
Nesta época, já havia entrado na rádio para cantar. Cantava com o “Buenão”, seu irmão mais velho (Antonio Cândido Bueno). No início era Tiãozinho e Buenão, depois mudaram o nome para Serra e Buenão. Mais uma alteração ainda foi necessária.. Foi o próprio pessoal da Rádio Difusora que sugeriu Nhô Serra. Então ficou a dupla Nhô Serra e Buenão. Meu tio cantava muito bem cururu. Ele era mais velho que meu pai. Mas houve um tempo em que mudou de religião e então nunca mais cantou[xi].
Nesta época também começou a cantar com Pedro Chiquito. A turma de meu pai que era forte mesmo: Nhô Serra, Pedro Chiquito, Zico Moreira e Parafuso. Este foi um tempo forte.
A amizade entre meu pai e Chiquito surgiu numa festa, cantando, no sítio. Só que nenhum dos dois lembrava qual foi o primeiro assunto que cantaram, não rememoravam a data, e nem como se conheceram. Apesar de ter sido uma amizade extremamente profunda, nenhum dos dois se lembrava como é que tinha sido o começo. Mas foi uma vida de amizade e não somente o profissional. Quando meu pai sofreu o “derrame” e voltou a falar, disse que tinha perdido metade do corpo, mas que não tinha problema porque ele ainda tinha a outra metade. Mas quando Chiquito morreu, disse: Lembra que quando tive o derrame, tinha perdido a metade do corpo? Agora que Chiquito foi embora, perdi a outra metade.
Depois disto, meu pai perdeu o ânimo não queria cantar mais.. Mas a verdade é que eu nunca o deixei parar. Realmente Nhô Serra, cantou até o final da vida porque eu o colocava na cadeira de rodas e o levava, nem que fosse arrastado. E isto era sua justificativa existencial.
O pessoal que estou dizendo que cantava, era requisitado na região toda. Por que o sucesso de Nhô Serra, Pedro Chiquito, o Luizinho Rosa, o Zico Moreira, Horácio Neto? Neste meio tempo, meu pai também lançou Jonata Neto e o Moacir Siqueira (chamava Moacir 70). Porque o sucesso?
Ele tinha programas em Piracicaba, na Difusora (PRD-6), na PRF-8 em Botucatu, Rádio Convenção de Itu, Rádio Cacique em Sorocaba, na Rádio Globo em rede nacional, e finalmente em Capivari (apesar de ser bem menos). Os programas eram aos sábados e domingos, então era uma correria. Geralmente eram ao vivo. E quando não dava para fazer ao vivo, era gravado. Ele saía de um lugar e ia para outro. Mas a realidade é que para ele isto não era trabalho, era uma diversão. A sua atuação nos programas de rádio foi uma das pilastras que fizeram meu pai conhecido.
Para mim meu pai foi o maior vendedor que existiu no mundo, ele conseguiu vender sua imagem, aquilo que não existia muito neste tempo, e principalmente na rádio. Mas quando ele chegava a uma região, ele acabava fechando muitas festas no lugar... A parte profissional e a capacidade de fazer amizades eram muito fortes nele.
Tenho muito que agradecer à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Ele se aposentou pela Universidade de São Paulo, onde exercia as atividades de apontador. E soube usufruir de sua atividade muito bem. Devido à facilidade de relacionamento, mesmo depois dos alunos saírem formados, ainda mantinha contato com eles. A recompensa logo vinha. Era solicitado a comparecer por estas pessoas para animar festas. Foi assim que fez o seu nome e dos companheiros. Mas apesar disto, quem se destacava era ele. Era ele quem cantava, quem produzia. Então, fez o seu nome. Esta foi a segunda pilastra.
A terceira pilastra foi a de estar sempre com ótimos cantadores e manter um objetivo, de dar ao público o que ele desejava ouvir, fazê-lo rir e se divertir.
Se pudéssemos falar numa quarta pilastra, deveríamos relembrar do temperamento dele, sempre brincalhão, senhor da situação, e nunca mostrando irritação para o público.
Meu pai na infância foi um “capeta”. De família pobre, nasceu na fazenda, namorou muito e casou-se tarde.
Veio para a cidade por dois motivos: tentar ganhar a vida e porque seu pai ficou muito doente, necessitando ser tratado na cidade. Ele teve tanta sorte, que inicialmente conseguiu morar em uma casa, junto às antenas da antiga Rádio Difusora, na Avenida Independência, onde também era responsável pela manutenção delas. Depois, mudou-se para a Paulista. Foi lá onde eu nasci em 1964.
Toda a vida ele foi cantador. Aonde chegava, cantava, onde tivesse uma viola, ele tocava. Se tivesse violão, ele tocava. Outra coisa que costumava fazer e o pessoal admirava: podia ser qualquer bailinho, qualquer festinha, ele pegava um caminhão de um companheiro, enchia de pessoas, de sanfona, violão e: Vamo lá que a gente faiz o baile... Levava quem tocava, quem bebia, quem comia, quem pagava, e fazia a festa mesmo.
Tem uma passagem bonita para contar. E quem conta é o próprio Nhô Serra, num show que deu aos formandos da agronomia de 1987. E começou falando que era professô na escola de agricurtura: professô di vassora. E nem ensiná eu pude, porque num deu tempo. E prá entrá na scola foi uma confusão. Todo mundo queria entrá, e eu num podia sê, porque eu sou “anarfa”. Cumo é qui eu ia entrá? Mai um dia era aniversário do governadô, i eu fui cantá. E cantei assim:
Querido Carvalho Pinto
Quero que preste tenção
A chave de meu São Paulo
Entreguei na sua mão
Quem ajudô a sarvá São Paulo
Poderá sarvá a Nação
Honesto Carvalho Pinto
Se Deus quizé em 65
Será u chefe da Nação.
Ele mi abraçô eu i eu falei no seu ovido: E meu emprego? Segunda-feira eu tava nomeado. Eu fiquei lá té hoje. Agora saí aposentado...
* * *
Meu pai foi indicado para trabalhar na agronomia, e era para trabalhar no campo. Ele chegou para minha mãe e disse: reze pra tudo qu’é santo que conhecê, acenda vela, faça promessa, porque si eu num consegui emprego hoje du jeito qu’eu quero agora, nunca mais...
Pegou, colocou o melhor terno dele, de “linhão 120”[xii], sapato de três cores no pé, “glostora”[xiii] no cabelo, bonitão, papel na mão da indicação, pegou e foi. Meu pai foi entrando, sem passar pelo departamento de recursos humanos, e foi entrando direto na diretoria.
A hora que chegou lá, uma pessoa o atendeu:
Pois não...
Eu sou Sebastião Bueno, que fui indicado... E teve como resposta: Já estou sabendo do caso, sim...
Entrou na sala e falou com o superior:
Sabe aquele cantador indicado? Ele está aí. Como é que eu vou falar para ele que vai ter que abrir valeta no chão, com picareta? Vá ver a estica que o homem está, está parecendo deputado... Como é que vamos fazer?
Mande-o entrar...
Entrou na sala e perguntaram:
Você tem noção o que veio fazer aqui?
Num sei. Disseram que era pra vir aqui pra trabaiá...
Ele tinha sido atendido na parte superior do edifício, onde tem um monte enorme de janelas, e então disse:
Já vou mostrar para o senhor o que vai fazer... De manhã, o senhor vai abrir todas as janelas aqui. E depois, a hora que for embora, o senhor fecha todas elas de novo.
Então, dizem que ele aposentou fazendo isto. Mas na realidade, como já anteriormente tinha sido dito, ele era apontador e bedel da ESALQ.
* * *
Outra passagem interessante é uma trova feita no tempo da Constituinte (1988)
Hoje nosso presidente
Tá numa dura situação
Porque a dívida du Brasiu
Causa admiração.
Do jeito que o Brasiu vai
Dá um passo pra frente e treis prá traiz,
Desse jeito num tá bom
Precisa que o Presidente
Deve prestá bem atenção.
Oiá pro lavradô
Que é a segurança da Nação.
A riqueza é a fia
Que vem por cima di tudo
Os operários são os gaios
Nesta grande construção
O governo é u tronco
Que segura u Brasiu na mão.
E a lavora é a raiz
Por baixo di tudo então.
Mais o governo tem que sabê
Qui se a raiz enfraquecê
A árvore intera
Cai nu chão.
* * *
Nhô Serra sempre teve seu lado brincalhão... Quando chegava a hora do desafio, ele costumava perguntar para o povo se ele queria que fosse xingando, louvando ou agradecendo. E o povo: xingando... xingando... taca o pau, taca o pau... E meu pai: Prá que adiantô o papa vir nu Brasil intão? Oh povo sem religião memo...
Hoje as coisas não mais assim. O cururu antigo era feito em cima de uma charada. Um falava e você tinha que descobrir o que o outro quis dizer. Aí você tinha que mostrar para o povo que havia entendido a charada, e respondia com outra charada. Este era o desafio antigo. Fazia uma crítica severa ou provocação e você tinha de sair dela com outra afronta. Não importava que o fato fosse verdade ou mentira. E tinha que fazer as coisas sem entrar na vida particular do outro. A “ofensa” que se fazia nunca tinha por finalidade realmente insultar os outros cantadores, mas sim criar um estado de espírito que motivasse a tomada de posição pela platéia, onde ela pudesse torcer por um ou outro cantador ou grupo de cantadores.
Na realidade, o palco era um teatro, e o que se passava lá em cima não aumentava ou diminuía a amizade entre os cantadores.
Hoje, aparentemente, o novo cantador vem com o assunto na cabeça, tudo planejado. Nada ou pouca coisa é criada na hora. Antigamente, os cantadores tinham uma atuação diferente.
Nhô Serra entrava e saía ano, eram sempre quatro cantadores e dois violeiros. Era sempre assim, sem falhar. Quando um cantador ficava doente, ele colocava outro, do mesmo nível. Não colocava pitoco[xiv] no meio. Existem ainda bons cantadores, que ainda mantêm a linha antiga do cantar.
Alguns cantadores hoje competem muito entre si. O cururu não é assim. Temos que cantar para agradar o público. Não adianta nada os cantadores ficarem brigando entre si.
Nhô Serra queria que o espetáculo sempre tivesse um determinado nível. Não queria divergências entre os que estivessem no palco. O alvo era o público, e nada mais. E foi assim que o Nhô Serra e os outros cresceram. Sem brigas, sem antagonismos. Na reunião antes do espetáculo, sempre dizia que iam cantar para alegrar e incentivar o povo, não importava quem ganhasse ou perdesse um desafio. Vamo fazê o povo sentí o gosto du cururu.
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A jornada terrena de Sebastião da Silva Bueno, o Nhô Serra, encerrou-se s 19.30 do dia 23 de agosto de 1997.
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[i] Região rural de Piracicaba.
[ii] Denominava-se colônia o agrupamento de casas em área rural, onde habitavam diversas famílias que prestavam serviços a uma propriedade rural.
[iii] FRUTA DE POMBA: árvore de até 13 m (Tapirira guianensis), da família das anacardiáceas, nativa de áreas tropicais da América do Sul, com madeira avermelhada, rígida, de qualidade, folhas membranáceas, com folíolos variáveis em número e forma, flores verde-amareladas, em panículas, e pequenas drupas ovóides, muito procuradas por pássaros; bom-nome, camboatá, pau-pombo, tapirirá, tapiriri, tatapirica.
[iv] TAMBU: O maior dos tambores utilizados no jongo e no batuque paulista; tambor, guanazamba
[v] CANA VERDE: é uma dança em desuso, hoje é considerada uma variação mais longínqua do Siriri. Também é dança típica da baixada cuiabana. Basicamente é uma dança de roda simples, onde homens, mulheres e crianças dançam numa fila, dando dois passos para cada lado. A duração da dança depende do fôlego dos cantadores, da suas possibilidades de desafio; e eles cantam sem parar, eis que cada um faz a segunda voz para o outro, alternadamente, enquanto se "atazanam". Julieta de Andrade - Pesquisa de Folclore em Mato Grosso
[vi] Bairro rural de Piracicaba.
[vii] TEATRO SANTO ESTEVÃO: teatro existente onde hoje é a Praça José Bonifácio, na altura da rua São José em Piracicaba. Foi demolido na década de 50.
[viii] Referência à Bíblia.
[ix] Tive oportunidade de assistir em 2004 diversos cururus em Sítio Grande, área rural de Boituva, onde participaram Horácio Neto, Manezinho Paes, Cido Garoto e Dito Carrara. Os espetáculos iniciavaam-se às 21 h. somente terminando pelas 3 h. da manhã. E o mesmo foi observado nos cururus cantados nas Festas do Divino na região de Tietê e Conchas. Isto para mostrar que ainda existem bons espetáculos na área rural (Nota Autor).
[x] Bairro rural de Piracicaba.
[xi] Fato similar ocorreu com Luizinho Rosa, que agora em 2003 só canta a carreira do sagrado.
[xii] Linho 120: referência a um tipo de linho importado, o melhor que existia na época.
[xiii] GLOSTORA: produto cosmético, brilhantina glostora, década de 1940.
[xiv] O que não tem valor nem importância.
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